A Palavra Livre de Mortágua

Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2010
Na Rota da Europa

Corria o ano de 1878 quando se iniciou a construção da Linha da Beira Alta. Esta é ainda a principal ligação ferroviária internacional que Portugal possui. A escolha do traçado desta via foi demorado e em nada fácil. A ideia consistia em ligar a já existente Linha do Norte a Espanha atravessando toda a Beira Alta. Foi escolhido um traçado que acompanha o vale do Mondego, como forma de amenizar as dificuldades de construção que pudessem vir a ser encontradas por causa do relevo. Como o Rio Mondego entre Coimbra e a foz do Dão passa por vales escarpados a solução encontrada passou por entroncar esta linha com a do Norte na Pampilhosa. Foi escolhido, como de esperar, a rota mais fácil. Ou talvez se deva dizer e menos difícil, porque mesmo assim só no troço entre o Luso e Santa Comba Dão a Linha da Beira Alta tem 6 túneis (um dos quais com mais de 1800m) e 6 pontes de maior dimensão. Foi preciso vencer a Serra do Buçaco e vales adjacentes, e os Rios Criz e Dão.
As alternativas a este projecto não seriam de todo viáveis devido à Serra do Caramulo a Norte e à Cordilheira Central (Serras dos Candeeiros, Lousã, Açor e Estrela) a Sul. De facto a mais ameno pontos de passagem do Litoral para o Interior Portugueses entre os rios Douro e Tejo é precisamente através de Mortágua. Por esse mesmo motivo era a Estrada Nacional 234 uma das principais ligações a Vilar Formoso, e consequentemente a Espanha. Seria a estrada menos sinuosa de entre as escolhas possíveis.
Assim, o Concelho de Mortágua situa-se em pleno eixo de ligação entre o Litoral Português e o Centro da Europa.
Mudando agora um pouco de meio de transporte.
A Federação Europeia de Ciclistas (FEC, European Cyclists’ Federation no original – http//www.ecf.com/) é uma organização sedeada na Bélgica que congrega associações de ciclistas de toda a Europa. Tem por objectivos defender uma política europeia para o transporte em bicicleta, o desenvolvimento duma rede europeia de ciclo-vias e a promoção do ciclo-turismo, entre outros. No âmbito dos seus objectivos compilam informação sobre as vias cicláveis da Europa tendo inclusive publicado um mapa com estas.
Num outro patamar, mais regional, assistimos ao lançamento da Ciclovia do Dão que, através do leito da antiga Linha do Dão, liga os Concelhos de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão.
Por último o Concelho de Mortágua, apesar de algo montanhoso possui extensas várzeas o que lhe atribui características de qualidade para a prática velocipédico, prova disso é a quantidade de provas e passeios a que podemos assistir. O aumento destes passeios, em Mortágua e noutros locais, é potenciado por um crescente aproximar das populações à natureza.
Já não vamos de férias só para a praia, procurando conhecer mais do que a faixa de areia que orla o nosso País. Cada vez mais as pessoas se interessam pelas chamadas actividades “out-door” privilegiando a deslocação de lazer em bicicleta pelo contacto que este meio lhes permite com o ambiente circundante.
Será já tempo de em Mortágua começarmos a pensar neste assunto. Também um dia uma ligação velocipédica de efectuará entre a Orla Marítima Portuguesa e o Centro da Europa atravessando Portugal. Também um dia terá de ser escolhido o trajecto para essa via. E claro que haverá outros pontos possíveis para esta ligação, e claro que alguns desses locais tudo farão para ser escolhidos.
Com a recente integração de Mortágua na Sub-Região do Baixo Mondego e com o seu passado na Região Dão-Lafões o Concelho de Mortágua é por excelência a Porta entre o Litoral e o Interior Portugueses. Só cabe aos Mortaguenses decidir o tipo de Porta que querem ter. Se um portão velho e ferrugento, sem algum interesse para quem passa, ou se um arco vistoso e dourado.
A aposta na Rede de Ciclovias Europeia deve começar o mais prontamente possível. Outros próximo de nós já se preparam para isso. Devíamos com os nossos vizinhos do Baixo Mondego e do Dão-Lafões começar a definir esse projecto de ligação. Devíamos paralelamente dotar o nosso Concelho de ciclovias locais ao longo das ribeiras, na margem da Albufeira da Aguieira, com ligação à Mata do Buçaco, à Serra do Caramulo, etc. Estas ciclovias, juntamente com outras apostas, seriam chamarizes turísticos que poderiam trazer gente ao Concelho.
Também desde já, e não esperando pela Rede Europeia seria de pensar a ligação à Ciclovia do Dão e potenciar a sua continuação a Coimbra através do centro de Mortágua e seguindo o traçado da antiga estrada real. O avanço nesse sentido poderá evitar que uma futura via ciclável entre Viseu e Coimbra venha, à semelhança do IP3, a passar retirada da sede de Concelho. Se de carro um desvio de 10Km já não é agradável o que se poderá dizer então de bicicleta.


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publicado por Mário Lobo às 08:03
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Sexta-feira, 1 de Agosto de 2008
Frescuras de Verão

Texto publicado na Defesa da Beira em 1 de Agosto de 2008


Com a chegada do calor vem-nos à memória o tempo que passavamos, quando crianças, deliciados nos nossos cursos de água. Fosse a chapinhar, a pescar, ou tão só a aproveitar a sombra dos salgueiros e de outras árvores locais.
Hoje, tudo isso, não passa de saudade e de memórias distantes. As ribeiras correm quase secas, as águas sujas, a fauna piscicola é quase inexistente e, as margens descaracterizadas e inacessíveis.
O recente discurso da aposta no Turismo nunca encontrou reflexo na criação de reais condições para o desenvolvimento dessa área económica. Desconhece-se, inclusivé, qual o projecto de desenvolvimento turistico para Mortágua. Será provavelmente um aldeamento auto-suficiente junto a Almaça e um proto-campo de golfe na zona do Falgaroso do Maio.
Em verdade se diga que andar a visitar a maior mancha de eucaliptos nacional não é, de facto, grande chamariz. Assim, talvez se entenda a concentração de forças na região da, infelizmente « super-mega-hiper-ultra-poluída » (como diria a portagonista principal de uma telenovela da nossa televisão), Albufeira da Aguieira.
Com vários atletas de topo, a nivel mundial, e com uma bacia hidrográfica própria1 em conjunto com as barragens de Macieira e da Fraga (cuja solução se espera vir a ser encontrada) temos as condições ideais para o desenvovimento do turismo piscícola. Há, no entanto, muito trabalho ainda a fazer: regularizar as margens das ribeiras, recuperar as represas, regular caudais com recurso às albufeiras serranas, construir escadas de peixe, criar corredores ecológicos junto aos cursos de água e, mais importante que tudo, sensibilizar as populações para a riqueza que é uma rede fluvial em boa saúde.
Por fim, a criação de uma boa rede de acessos a toda esta rede fluvial, com a abertura de vias pedestres e ciclovias ao longo das nossas ribeiras.
 


1à excepção dos rios limítrofes (Mau, Criz, Dão e Mondego) todos os nossos cursos têm origem no nosso concelho


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publicado por Mário Lobo às 16:21
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