A Palavra Livre de Mortágua

Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2010
Uma Rede que se Rompe aos Poucos

Foi em Agosto de 2007 que um jornal nacional noticiou aquilo que todos nós Mortaguenses sabíamos há muito: fora do período de aulas mais do que 4 em cada 5 povoações do nosso Concelho ficavam privadas de transportes. Dois anos passaram ainda até o executivo municipal tomar uma atitude face a esta situação, apesar de esta já estar inscrita no plano de actividades da autarquia há algum tempo.
O nosso Concelho, com mais de 60% da população concentrada pouco mais de uma dezena de povoações na várzea de Mortágua e os restantes 40% espalhados por perto de 70 povoações dispersas, apresenta condicionantes particulares no que toca a esta temática dos transportes. Mas apresenta também possibilidades interessantes que não deveriam ser ignoradas.
Para uma análise mais completa devemos, para além do aspecto desta dispersão populacional, ter em conta a idade dos mortaguenses. Sendo o Concelho um dos mais envelhecidos, senão o mais, a Oeste do maciço da Serra da Estrela temos que ter em conta que uma parte significativa do público-alvo dum serviço de transportes será a população idosa.
Mantendo em vista os dois pontos anteriores devemos agora analisar qual a utilidade dum Serviço Municipal de Transportes. Para isso é necessário saber os motivos pelos quais as pessoas se deslocam. Para além dos óbvios que serão os estudos e o trabalho há uma miríade de outros motivos: ida às lojas e mercados, consultas no centro de saúde ou outros serviços médicos privados, utilização dos equipamentos desportivos e de outros equipamentos e serviços públicos. Há depois ainda as utilizações conjugadas, a exemplo uma mãe que trabalhe na zona industrial que, após o trabalho, tenha que ir buscar o filho à escola e passar pelo supermercado para umas “comprinhas” para o jantar.
Claro está que, ao fazerem-se as coisas para dar vista, nenhuma destas situações foi acauteladas. A Rede Municipal de Transportes para pouco mais serve do que para o transporte de alunos, o que já era antes assegurado.
Recentemente ficamos a saber da supressão de duas linhas, a que servia a Zona Industrial de Mortágua e a Unidade Industrial da Felgueira. O motivo apresentado foi o de que as “duas linhas que servem as zonas industriais não têm número suficiente de utilizadores que justifiquem a sua continuidade”. E porque não tinham elas utilizadores, alguém se questionou sobre isto? Talvez porque não servissem os interesses da população.
Como referido seis dos dez mil habitantes do Concelho residem ao longo do eixo Vale de Açores – Vila Moinhos, ora seria sobre este eixo que se deveria focar o centro nevrálgico da Rede de Transportes. E a partir deste eixo criar as ligações a todo o Concelho, e mesmo às sedes dos Concelhos limítrofes.
A não interligação das várias linhas criadas por este serviço leva-nos mesmo a questionar a nomenclatura de rede, pois por rede entende-se um conjunto de coisas interligadas.
Com o motivo apresentado para a supressão destas duas linhas é caso para perguntar o que se irá passar no verão quando as linhas que ligam às aldeias mais pequenas não tiverem também o “número suficiente de utilizadores”. Serão também suprimidas? Então o que sobra? Sobra o que tínhamos antes, ou seja, o transporte escolar.
Perante a quase total inutilidade deste novo serviço de transportes face ao anterior resta-me fazer algumas propostas.
Começar por centrar o serviço no centro urbano do Concelho com a criação de um serviço de circulação permanente que venha a ligar todo o eixo Vale de Açores – Vila Moinhos, com passagens pelo novo Centro Escolar, Centro de Saúde, Ninho de Empresas, Complexo Desportivo do Vau e escolas Preparatória e Secundária, Zona Industrial, comércios incluindo, etc... Este(s) autocarros(s) deve(m) devem ter passagens separadas por nunca mais de 30 minutos durante o período laboral, sendo que a extensão ao um horário mais tardio se pode efectuar com um intervalo maior.
Deve pensar-se na articulação com os Comboios, que foi uma coisa que, ao que parece, que ninguém considerou. Sendo o comboio o principal transporte público para a saída e entrada de pessoas no Concelho será natural que a Estação dos Caminhos de Ferro seja servida por um Serviço Municipal de Transportes que se preze.
É indiscutível que no período de entrada e saída das escolas a disponibilidade de transportes deve ser a mais rápida possível. Mas durante o dia deve efectuar-se pelo menos mais uma ligação às aldeias, possibilitando que a que as pessoas não tenham quer perder todo um dia para se deslocarem de autocarro à vila para um assunto que não lhes leve mais que meia hora a tratar. Estas linhas não precisam de ser, como é óbvio, nem simultâneas nem às linhas que sirvam as escolas, podendo efectuar-se voltas maiores e mais demoradas.
Por último devo defender intransigentemente que seja terminado o protocolo com a empresa TransDev, que como qualquer empresa não visa outra coisa que não o lucro, e que seja criado um verdadeiro Serviço de Municipal de Transportes detido e gerido directamente pela autarquia.
Um tal serviço seria dotado de autocarros próprios que podem depois ser utilizados, para além do transporte colectivo concelhio, no transporte das colectividades e grupos desportivos do Mortaguenses nas suas mais variadas deslocações. Podem ser ainda utilizados para os mais diversos fins culturais e recreativos, como os passeios dos idosos, viagens de estudo das escolas e tudo o que demais possa surgir.
Sendo proprietária directa de um tal serviço estaria também ao acesso da autarquia a acção social nos transporte com, por exemplo, a oferta de viagens grátis a pessoas que tenham que se ir a uma consulta no Centro de Saúde ou o apoio a famílias carenciadas através da redução parcial ou total nos passes sociais.
Só a existência duma Rede de Transportes eficaz poderá chamar as pessoas. O actual sistema não permite combinar deslocações, como se o único trajecto que as pessoas efectuam durante o seu dia-a-dia seja casa-trabalho e trabalho-casa. Um serviço permanente que possibilite várias deslocações no mesmo dia é o que se entende por Rede de Transportes.


sinto-me:

publicado por Mário Lobo às 14:28
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Sexta-feira, 18 de Abril de 2008
Obras e Acessibilidades

Mortágua recebeu recentemente com toda a pompa e circunstância, Primeiro-Ministro, Ministro das Obras Públicas Transportes e Comunicações, Secretário de Estado das Obras Públicas, Presidente da Estradas de Portugal SA, Governador Civil de Viseu e Autarcas de todas as cores.

Em tenda especialmente montada para o efeito procedeu-se ao lançamento da concessão para as Auto-Estradas do Centro.

Esta mui sui generis cerimónia, bem como o seu conteúdo, não podem deixar de levantar algumas questões. Umas mais práticas outras mais estruturais, tais como:

1.       Aquele espalhafato todo, com montagem de tenda na rua e tudo, foi custeado por quem? Qual o preço de tal aparato circense? Pergunto-me se não há em Mortágua local condigno para receber o Sr. Primeiro-Ministro e restantes convidados. Têm os Paços do Concelho o seu Salão Nobre e no caso de não ser suficiente o seu tamanho temos o espaço do Centro Cultural Municipal, agora na posse da autarquia pelo período de 25 anos.

2.       Onde estava o redactor do texto que noticia este evento no site da autarquia aquando da chegada do Sr. Primeiro-Ministro ao largo da Câmara? Pois eu estava bem perto. Não foram só os aplausos a receber o chefe de Governo. Além de um pequeno grupo de populares de Anadia que a GNR tentou a todo o custo esconder, outros houve da nossa terra que fizeram ouvir a sua voz em forma de contestação, a dada altura bem acima dos parcos aplausos que se faziam ouvir. Para esclarecer esta dúvida basta ver os vídeos dos noticiários da RTP nesse dia. Não devemos ter estado na mesma “recepção” ao alto dignitário da nação, eu e o referido redactor.

3.       Que a A24 e o IC12 são vias estruturantes para a Região das Beiras ninguém pode discordar, mas para Mortágua continuam e continuarão, a ser de maior importância o actual IP3 e a ligação directa à Região da Bairrada. Em relação ao actual traçado do IP3 quedaram-se mudos os discursantes de tão grande cerimónia. De barriga cheia não se fala dos pobres. Sobre uma possível remodelação da EN234 e da EN334-1 (estrada do Moinho do Pisco) também nada se disse.

4.       Uma boa ligação de Mortágua a Coimbra é uma necessidade indiscutível. Os actuais acessos com recurso ao IP3 ou à “Estrada do Luso” (EN234) não satisfazem de todo esta necessidade. Seja pela insegurança do trajecto num caso, ou pela morosidade do percurso no outro. No caso da EN234 temos ainda de referir o atravessamento de vários aglomerados urbanos: Barracão, Luso, Lameira de São Pedro, Mealhada e Santa Luzia.

5.       É de igual forma importante para Mortágua uma rápida e adequada ligação ao litoral, à Região da Bairrada. As mesmas EN234 e EN334-1 podem facultar esse acesso, mas basta conduzir daqui a Anadia pelo Moinho do Pisco para perceber que não é fácil a viagem. Ao facto de não haver um percurso linear de ligação entre as sedes destes dois concelhos vizinhos devemos adicionar uma miríade de povoações que devem ser cruzadas diminuindo assim significativamente a celeridade da viagem. Se os destinos forem as zonas industriais de Oiã ou Oliveira de Azeméis, por exemplo, a contenda torna-se ainda mais morosa.

6.       Estas obras pouco ou nada vêm beneficiar o dia-a-dia de Mortágua. A colocação de portagens, já confirmada pelo Ministro Mário Lino, na A24, e por certo também no IC12, vai obrigar os mortaguenses a usar as mesmas soluções rodoviárias que se encontram agora disponíveis. Vai-nos servir esta Auto-Estrada para nos deslocarmos ao Porto e Lisboa ou para irmos de férias ao Algarve. Se 24Km na Auto-Estrada para a Figueira custam €2,20 quanto custarão os cerca de 45Km que nos separam de Coimbra? Ou só os cerca de 20Km que nos separam da Mealhada? Custarão tanto como os 24Km da A14? E para Viseu, sede de Distrito, quando ficará a viagem para Viseu pela A24?

7.       Pode argumentar-se que vamos ser beneficiados pela redução de tráfego nas vias existentes. Não duvido que isso venha a acontecer. Não acredito, no entanto, que este seja significativo. Por um percurso com distância semelhante ao Viseu – Coimbra pela nova Auto-Estrada um camião paga na Auto-Estradas da Brisa €13,70. Ao optar pela A24 em detrimento do actual IP3 poderá ganhar 10 minutos, talvez 15. Qual é a empresa que estará disposta a pagar cerca de €14 para ganhar 10 minutos? É perfeitamente natural que a opção seja a “estrada velha”. O potencial de escoamento de mercadorias de Mortágua em nada é afectado por esta obra.

8.       Por último, porque deve o acesso ao nó de Mortágua da A24 fazer-se através do centro da povoação do Moitinhal? Ainda por cima destruindo uma zona de lazer como o é a Carreira do Tiro. E o acesso à freguesia do Sobral, como se processará? Terá a população do Reguengo que se deslocar à vila para depois, através da “Estrada de Macieira” ir ao centro do Moitinhal apanhar a ligação para a Auto-Estrada? Terá um habitante do Sobral que fazer mais de 10Km para aceder a esta via estando em linha recta a pouco mais de 2Km? Há aqui algo muito mal pensado…

Em conclusão, não sou, nem posso ser, contra a construção destas vias estruturantes e há tanto tempo reclamadas. Sou contra o modelo apresentado e sou contra a forma como nos querem convencer que “a salvação” de Mortágua passa pela Auto-Estrada. Temos no nosso concelho uma via de comunicação bem mais importante do que qualquer Auto-Estrada à qual ninguém parece prestar atenção. A Linha da Beira Alta liga Mortágua directamente a toda a Península Ibéria e, numa escala maior, a todo o continente Euro-Asiático. Ainda assim opta-se por expandir a Zona Industrial de Mortágua voltando as costas a esta via.

Só sem portagens a obra anunciada será uma real mais-valia para Mortágua.

Não às Portagens!!!


sinto-me:

publicado por Mário Lobo às 22:42
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Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2008
Boletim Fev08 - PCP

E está na rua o Boletim de Fevereiro da Interconcelhia do PCP.

Todo dedicadinho a Mortágua...

Podem lê-lo aqui, ou descarregar o PDF (com imagens) aqui.


sinto-me:

publicado por Mário Lobo às 14:31
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Sexta-feira, 10 de Agosto de 2007
Transportes públicos param no Verão

*Notícia publicada n'O Primeiro de Janeiro em 10 de Agosto de 2007

 

Mortágua: Com o fim do ano lectivo, zonas rurais ficam ainda mais isoladas

Os transportes públicos que servem a área rural do concelho de Mortágua, constituído por 92 localidades, deixam de funcionar com o fim do ano lectivo e milhares de pessoas ficam sem meios para se deslocarem.
Alberta Rodrigues, 61 anos, que vive em Arnes, uma pequena aldeia a cerca de 17 quilómetros da sede do concelho, contactada por telefone, admitiu que, “na terra, a chegada do Verão significa também ficar sem carreira para ir à feira”. Mas tudo muda para Alberta Rodrigues quando o filho, o único que tem e está emigrado na Holanda, chega em Agosto para as duas semanas de férias e a leva, então, para as “compras da semana” na feira de Mortágua. Pior sorte tem José Reis, que, apesar de ter só 48 anos, um “problema antigo” nas pernas não o deixa “ir longe” a pé e sente, como ninguém, “por alturas do Verão”, a falta do autocarro para sair da aldeia, que dista “mais ou menos” 10 quilómetros da vila.
É esta realidade, que o PCP quer ver alterada com a criação de um serviço municipal de transportes, que já é uma proposta antiga e que o actual executivo autárquico também chegou a assumir como sua em tempo de campanha eleitoral, nas autárquicas de 2005. Mário Lobo, dirigente local do PCP, disse que a falta de autocarros durante as férias escolares tem “criado imensos problemas” no concelho.

------------------------

Empresa
Lucro social
Para Mário Lobo, o que está em causa, “mesmo que isso gere algum prejuízo financeiro”, é a criação de uma empresa municipal que ligue a maior parte das aldeias à vila, criando um significativo lucro social”.


publicado por Mário Lobo às 14:46
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Transportes públicos em Mortágua param no verão
*Notícia publicada no Jornal do Centro em 10 de Agosto de 2007
 
 
Mortágua está sem transportes públicos desde que terminou o ano lectivo. O início das férias escolares interrompe as ligações rodoviárias asseguradas por duas empresas de camionagem, com quem a câmara municipal contratualizou o transporte de estudantes. Desde então, apenas oito povoações continuam a ter transporte público, graças à carreira regular que liga Viseu a Coimbra. As restantes 83 localidades não têm serviço regular de autocarros e destas somente três têm ligações ferroviárias.
A situação é denunciada pela concelhia de Mortágua do PCP que, no seu primeiro boletim, retoma uma das bandeiras da candidatura da CDU, nas últimas eleições autárquicas: a criação de um Serviço Municipal de Transportes, com funcionamento durante todo o ano e em articulação com os existentes, quer ferroviários, quer rodoviários.
Mário Lobo, membro da Comissão Coordenadora da concelhia do PCP, recorda que, nos últimos quatro anos, a autarquia de Mortágua “despendeu mais de meio milhão de euros (100 mil contos) para contratar um serviço de transportes que não serve o concelho” defendendo, em alternativa, a criação de “uma rede de transportes municipal ou intermunicipal” que não deixe as pessoas apeadas durante três meses e, mesmo nos nove meses de funcionamento das aulas, ao fim-de-semana.
“O dinheiro que a câmara gasta, todo somado, quase dava para pagar uma rede própria”, afirma o dirigente comunista esclarecendo que um autocarro custa perto de 100 mil euros (20 mil contos) e a sua manutenção, já com o salário do motorista incluído, não deve ir além dos 2.500 euros (500 contos mensais).
Mário Lobo frisa que a falta deste serviço é particularmente grave sendo Mortágua o concelho “mais envelhecido da sub-região Dão Lafões”, que é constituída por 15 concelhos.
Na Câmara de Mortágua ninguém esteve disponível para falar até ao fecho da edição. O presidente da autarquia encontra-se de férias e o vice-presidente esteve ausente em serviço externo.


publicado por Mário Lobo às 14:44
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