De há uns meses a esta parte que o cliente mais atento das Águas do Planalto deve ter reparado numa “Sobretaxa Artº 21 do Contrato” com um valor a rondar os 2 euros por factura. O que é este Artigo 21 do Contrato? E que Contrato é este?
O Contrato referido nas facturas é aquele que foi celebrado entre as autarquias que aderiram ao Sistema Intermunicipal do Planalto Beirão e a Empresa Águas do Planalto. Nele se procede à “venda” das águas ao sector privado. São “servidos” por esta empresa os concelhos de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela.
Em algumas zonas destes concelhos as Câmaras foram obrigadas a praticamente construir de raiz todo o sistema de distribuição de água, financiando do seu erário a construção de novas torres elevatórias e colocação de novas condutas de distribuição. Pois só quando a rede se encontra numa situação de condição perfeita é que esta empresa avança. Assim, com a mesa posta e faustoso banquete à disposição, estes senhores degladiam-se para saber qual a melhor forma para obter mais lucros com um bem cada vez mais essencial para as populações.
Recentemente foi adicionada às nossas facturas da água esta Sobretaxa que visa, nas palavras do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Tondela, o Senhor Marta, colmatar a
sub-orçamentação que se verificou na construção da Barragem do Paúl e subsequente rede de distribuição em alta. O custo inicial desta “aventura”, que seria quase na totalidade financiada pela Comunidade Europeia e que se estimava em 29 milhões de euros, atingiu um custo de execução muito perto dos 40 milhões. Assim a Águas do Planalto fica com uma divida extra da ordem dos 15 milhões de euros. Sem saber como fazer para financiar os seus ímpetos megalómanas vira-se para os municípios e seus munícipes. Para o seu pequeno monopólio.
Assim, e fazendo fé na idoneidade do Senhor Marta, os municípios terão que se comprometer desde já a longo prazo com esta empresa, que mais não fez do que prestar um péssimo serviço à população, a fim de que assim lhe seja possível garantir lucros para amortizar esta divida, à qual o povo é completamente alheio. E ainda, coincidência das coincidências, esse Contrato contém um providencial artigo 21 que dá poderes à empresa em questão para cobrar o que bem aprouver ao utente a fim financiar as suas faraónicas obras. Só com esta sobretaxa a Águas dos Planalto aumenta a sua facturação mensal num valor nunca inferior a 50 mil euros.
É de questionar que mais artigos maravilha poderá conter este contrato. Que outros coelhos estes mágicos irão tirar da sua cartola quando uma vez mais a má gestão, a ganância e os milionário ordenados dos seus gestores levarem à banca rota esta empresa.
E agora resta tão só perguntar ao Senhor Marta e a todos os seus colegas, que com seu paladino silêncio subscrevem as palavras do primeiro, que posição é pretendem tomar. Se pretendem continuar a financiar ad eternum a manutenção e instalação da rede de distribuição de águas enquanto alguns enchem os bolsos. Ou então se pretendem tomar a atitude correcta recusando-se a fazer par com estes Senhores da administração das Águas do Planalto através da não renovação de um contracto que visa tão só a indiscriminada exploração do povo.