A Palavra Livre de Mortágua
Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2007
Mapa da A24

Finalmente um mapa legivel da A24.

Não muito preciso, mas suficiente para se entender onde realmente vai passar a auto-estrada.

De referir que a tal solução que a Câmara defende é a 2 e a 2.2.

Em português, a Solução 2 para o IP3, e a Solução 2 para o IC12.

 


sinto-me:

publicado por Mário Lobo às 19:30
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Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007
Assembleia Aprova Orçamento Municipal

A última reunião da Assembleia Municipal de Mortágua fez aprovar o orçamento para 2008.

Transcreve-se a notícia do site da Câmara.

Ainda este ano irei "postar" a minha análise e opinião.

 


 

Educação e Desenvolvimento Económico são prioridades

O Orçamento Municipal para o ano de 2008 crescerá quase 10% em relação ao ano anterior, totalizando 10.045.636,00€.
Este Orçamento é o segundo maior de sempre do Município e poderá vir a ser mesmo o maior de todos em valor, com o crescimento da receita corrente, que irá aumentar em 20%, o acréscimo de cerca de 3 milhões de euros que se espera do saldo de gerência de 2007 e as verbas do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), que no seu conjunto irão ajudar a reforçar os investimentos previstos. É de realçar o facto positivo do crescimento da receita corrente neste Orçamento, contribuindo para 72,2% do “bolo” orçamental e financiando 45% da despesa de capital orçamentada. A despesa de capital (ou de investimento) irá crescer 16,7%, enquanto a despesa corrente (ou de funcionamento) irá crescer apenas 1,9%, mantendo-se a política de controle apertado desta última.
As Grandes Opções do Plano tem um financiamento já definido de 5.896.500,00€, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior, dos quais 4.675.000,00€ representam investimento.
As Áreas Sociais levam a maior fatia do Orçamento, correspondem a 52,2% do investimento definido nas GOP e a 51,1% do investimento definido no Plano Plurianual de Investimentos (PPI), reflectindo uma estratégia de desenvolvimento centrada nas pessoas, nos recursos humanos e no desenvolvimento económico.

O Presidente da Câmara Municipal, Afonso Abrantes, refere que este “é um orçamento ambicioso e ao mesmo tempo realista, que visa satisfazer objectivos estratégicos bem definidos, que são o investimento no conhecimento, na inovação, no emprego, na iniciativa, no empreendedorismo, na competitividade económica, estando por isso em perfeita sintonia com as linhas de orientação do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional que irá enquadrar os fundos comunitários entre 2007-2013), preconizando uma aposta nas pessoas, no capital humano”.
Afonso Abrantes sublinha ainda que “mantém-se a mesma política de realismo, rigor e controle na gestão orçamental que temos seguido ao longo destes anos de mandato, e que nos permitiu ter hoje uma situação financeira estável e podermos lançar e candidatar novos projectos relevantes para o nosso desenvolvimento”.


Educação e Desenvolvimento Económico representam quase 50% do investimento total definido

A Educação e o Desenvolvimento Económico são eleitas áreas estratégicas prioritárias, só por si representam 49,1% do investimento das Grandes Opções do Plano. Á Educação e Juventude são afectados 24,4% do investimento total definido, relevando nesta área a construção do Centro Educativo de Mortágua cuja obra deverá arrancar no ano de 2008. Ao Desenvolvimento Económico afecta-se já 14,7% do investimento definido nas GOP, valor que deverá ser reforçado com a entrada da receita do saldo de 2007.

Na área do Desenvolvimento Económico destaca-se a ampliação do Parque Industrial Manuel Lourenço Ferreira, inscrevendo-se verbas para a aquisição de terrenos e sua infraestruturação.
O ano de 2008 ficará também marcado pela entrada em funcionamento do Ninho de Empresas e o início de laboração de novos projectos empresariais, como a Pellets Power, já em fase avançada de instalação. No Turismo há a destacar a elaboração dos Planos de Pormenor das Zonas Prioritárias de Desenvolvimento Turístico, no âmbito do Plano de Ordenamento da Aguieira (POA).O Empreendimento Turístico do Vale da Aguieira entrará no ano de 2008 numa fase em que já serão evidentes os resultados na promoção turística e no desenvolvimento económico do concelho.
Vai continuar a aposta nas acções que promovam o espírito empreendedor, as iniciativas empresariais e a modernização das pequenas e médias empresas. Cria-se o projecto “Bolsa Jovem Empreendedor”, com acções dirigidas aos jovens e às empresas. Pretende-se criar um instrumento de apoio aos jovens quadros técnicos que queiram aprofundar as suas competências em áreas relevantes e também incentivar a sua entrada nas pequenas e médias empresas, contribuindo para a sua modernização e competitividade.

No sector da Cultura. Desporto e Tempos Livres, para além do investimento na beneficiação do Campo de Jogos da Gandarada, já previsto, inscreve-se o projecto de beneficiação do Campo de Jogos Juiz de Fora, do Sporting Clube de Vale de Açores, visando a colocação de relvados sintéticos e outros melhoramentos nos dois complexos desportivos.

Na Acção Social e Saúde continuam a garantir-se as iniciativas de cooperação e parceria com as Instituições de Solidariedade Social e o apoio às actividades e projectos de investimento promotores do bem-estar social da população. O investimento na Área Social reflecte-se ainda noutras rubricas, sobretudo na Educação, através dos apoios às famílias.

Arranque das obras de infraestruturas na área da Cerâmica de Mortágua

A Habitação e Urbanização é outra das áreas que regista um crescimento face ao ano anterior. No ano de 2008 serão tomadas decisões importantes relativamente à ocupação dos terrenos da área da Cerâmica de Mortágua. Inscrevem-se projectos e verbas para a infraestruturação desta zona. Para além da área reservada para a construção do Centro Educativo de Mortagua, está prevista para os terrenos sobrantes a criação de uma bolsa de lotes destinados a habitação própria.

Na área da Protecção Civil continua a investir-se na valorização dos recursos florestais do concelho, nomeadamente através do apoio à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mortágua. A novidade é a criação de uma Equipa de Intervenção Permanente que permitirá assegurar em permanência o socorro e emergência na área do Município.

Na Defesa do Meio Ambiente inscreve-se o programa “ Limpar Leitos e Margens”, que permitirá intervenções de preservação das linhas de água do concelho.

Na área do Saneamento Básico e Salubridade destaca-se o investimento nas obras de extensão, remodelação e conservação das Redes de Drenagem de Águas Residuais, fechando a malha das zonas urbanas mais populosas e requalificando sistemas de tratamento.

Nas Comunicações e Transportes, inscrevem-se verbas necessárias para o Programa de Conservação e Beneficiação das Vias Municipais e Novas Pavimentações. Para além do acompanhamento do processo do IP3-Coimbra/Viseu e IC12-A1/Mangualde, vai ser dado desenvolvimento ao Estudo sobre a Acessibilidade e Mobilidade do Sistema de Transporte Público no Concelho de Mortágua.

Na Administração, para além da continuação dos investimentos na modernização administrativa, equipamentos e serviços municipais, vão ser dar passos concretos para resolver o problema das acessibilidades aos edifícios públicos municipais e nomeadamente no edifício dos Paços do Município.

Reforça-se a intenção de descentralização de competências nas Juntas de Freguesia que o Município tem vindo a promover. Para as Juntas de Freguesia estão definidas verbas no montante de 410.000€, valor que ultrapassa o das transferências directas que vão receber do Orçamento do Estado.

O Orçamento e as Grandes Opções do Plano para o ano de 2008 foram aprovados pela Câmara Municipal no passado dia 5 de Dezembro.


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publicado por Mário Lobo às 12:20
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Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2007
Tesourinhos Deprimentes II

Foi por tempos da segunda organização da Festa da Juventude em que participei, não posso precisar a altura. Mas quase de certeza Novembro de 2002.

Como tal não sei se esta pequena conversa que vou transcrever se referia a 2003 ou a 2004 (certamente 2003, devido à data da conversa), mas de qualquer maneira foi assim:

Eu - Acho que as associações deviam ser mais autónomas. Deviam ser incentivadas a organizar eventos como a Feira das Associações por elas próprias.

Vereador - Mas isso já está a ser pensado. Olha, por exemplo, para o ano o Carnaval é organizado pelas associações.

E - Assim sem mais nem menos? Sem processo gradual [de emancipação]? Vai dar asneira.

V - Lá estás tu com as tuas coisas.

E - Se assim fôr não há carnaval em Mortágua durante pelo menos 5 anos.

 


 

Das coisas que menos prazer me dá, neste campo, dizer é "Eu avisei-vos!"

Não sei 2008 (devido a não conseguir de facto localizar melhor a conversa no tempo) será o 5º ou o 6º ano consecutivo sem Corso Carnavalesco. em Mortágua. Quase por certo o 6º, portanto, aí vai:

Eu avisei-vos!

 

Este é um exemplo de como esta autarquia matou a dinâmica associativa no concelho de Mortágua. O Corso Carnavalesco Mortaguense, que tudo deve a pessoas como o querido, infelizmente já ido, Paulo Carvalho e a outros "carolas" foi absorvido pela Câmara que chamou a si a sua organização.

Habituou as associações a terem toda a organização servida em pratos de porcelana e talheres de prata.

Depois, com um rude golpe, "devolve" a organização às totalmente impreparadas associações.

Quando as associções sabiam pescar, a câmara ludibriou-as oferecendo faustosos banquetes de peixe. De barriga cheia, estas deixaram de pescar. Agora nem peixe nem cana.

 

Ficam as recordações desses tempos, nestas fotografias que se seguem.

 

 

 

 


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publicado por Mário Lobo às 07:22
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Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007
A produtividade, ora aí está...

Fomos há não muito tempo confrontados, na imprensa nacional, com a notícia de que os trabalhadores do nosso país só iriam trabalhar um terço dos dias de 2008. O que é a mais completa mentira. Os portugueses vão trabalhar 226 dias, o que corresponde a pouco mais de metade dos dias do ano, ou seja 62% dos dias. E isto porque é ano bissexto. Senão só trabalhariam 225 dias. Quer dizer que cada português vai ter na realidade 140 dias de descanso.

Ao ser anunciada esta grande “descoberta” o patronato e algumas forças políticas a ele mais ligadas não perderam tempo em apontar este excesso de dias de repouso como causa da fraca evolução da nossa economia.

Aponta-se o dedo às famosas pontes. Intentam-se manobras para que os feriados sejam celebrados junto aos fins-de-semana, às segundas ou sextas. Há ainda os que, julgando ver todo o mal da economia no pouco tempo de trabalho dos portugueses, lutam para que estes sejam banidos do calendário português.

Mas vamos então ver de onde vêm os 140 dias, esse “astronómico” número:

1.       Havendo 52 semanas no mês, há também 52 fins-de-semana; 52 Sábados e 52 Domingos. Portanto temos aqui 104 dias.

2.       Em seguida devemos somar os 25 dias úteis de férias a que os trabalhadores portugueses têm direito. Temos 129 dias.

3.       Por último devemos adicionar a mais “ignóbil” das parcelas, os feriados. Em Portugal temos 14 feriados nacionais. Destes, no próximo ano, 11 são à semana. E temos os nossos 140 dias.

Talvez seja também de verificar o número de dias de férias que têm outros países da nossa Europa. De acordo com os argumentos de quem acha que os portugueses trabalham pouco, seria lógico que nos países com uma economia mais dinâmica e saudável os trabalhadores tenham menos dias de férias. Assim temos:

·         Reino unido: 28 dias;

·         Suécia: ente 25 e 32 dias, dependendo da idade;

·         França: 25 a 35 dias;

·         Por último a Alemanha, Áustria e Noruega com 25 dias, como o nosso caso.

Há claro países com menos dias de férias, como o caso da Bélgica e da Holanda com 20 dias. Mas ainda assim podemos seguramente afirmar que não existe uma relação directa entre a produtividade (ou falta dela) e o número de dias de férias.

Mas voltando às pontes e aos feriados. Parece que este ano são mais. Ou melhor, que são mais à semana, especialmente à 3ª e 5ª feira, o que os torna apetecíveis para as pontes.

Uma simples consulta aos calendários dos últimos anos permite-nos ver que teremos em 2008 tantos feriados à 3ª e 5ª como em 2007; a saber: Carnaval, 25 de Abril e Natal à 3ª, Corpo de Deus e Dia de Todos os Santos à 5ª. Mas já em 2006 o número de feriados nesses dias da semana tinha sido de 5. E em 2005 também. Aliás, desde 2000 tiveram todos 5 feriados à 3ª e à 5ª. Não tiveram estes 5 feriados nestes dias os anos 1999 e, antes desse, 1993 e 1988. Em verdade se diga que desde 1907 (de há 100 anos para cá) só 14 anos não tiveram 5 feriados à 3ª e 5ª. E nesses 14, o número de feriados “a convidar à ponte” foi de 4. Os feriados, ou são 5 (86 vezes) ou 4 (14 vezes). E o próximo ano só com 4 será 2010, e depois 2016, 2021, 2027, etc…

Então afinal onde está a grande excepção deste ano? Em lado nenhum.

E, como prometido, vamos ver como é “lá fora” de feriados: Alemanha – 13, Áustria – 17, Bélgica – 16, Dinamarca – 14, Espanha – 14, França – 14, Itália – 14, Luxemburgo – 12, Noruega – 17, Holanda – 10, Reino Unido – 11, Suécia – 19, Suíça – 19 e República Checa – 14.

Não estando listados todos os países da Europa ocidental ainda assim podemos dizer que só uma quinta parte deles tem menos feriados que nós.

Se pensarmos numa Suécia, com os seus 19 feriados e 35 dias de férias, temos que ter pena deles, porque por certo não vão endireitar a economia. Pobres suecos…

Mas a realidade é bem diferente. A realidade, que todos nós conhecemos, é a de que a Suécia é um dos países com melhores condições de vida. Se não mesmo o melhor.

Por isso, lamento “desencantar” aqueles que acusavam o ano de 2008 como sendo amigo dos preguiçosos. É afinal mais um ano normal, no que toca a feriados e possibilidades de pontes. Com a desvantagem numérica de ter mais um dia para trabalhar.

A esses que viam o número de dias de repouso garantidos pela lei como principal entrave ao desenvolvimento da nossa economia resta-me dizer que olhem para dentro. Ou talvez que olhem para fora, para a Suécia, e aprendam as diferenças entre as organizações de produção dos dois países. Aprendam e implementem as mudanças necessárias.

Por fim só esclarecer mais uma pequena confusão. Se o trabalhador quiser de facto fazer ponte nas 5 oportunidades que tem, será por certo a custas dos seus dias de férias. Essas pontes não são dias roubados à recuperação da economia, como se quer fazer crer. O que não vem, por isso mesmo, alterar as contas. A menos que o patrão, agora esclarecidas as coisas, ache que o empregado merece mais 5 dias de férias e adopte a tolerância de ponto nos enclaves laborais que vai ter o ano vindouro.

Recordando e resumindo: o ano de 2008 terá 366 dias, dos quais 226 são dias de trabalho. Os trabalhadores irão ter os mesmos 25 dias de férias. E haverá, como de costume, 52 fins-de-semana. E com 14 feriados nacionais, acrescidos de um municipal. Destes, 5 são oportunidades de ponte. Com a desvantagem para nós mortaguenses de o feriado municipal coincidir com o 1º de Maio.



publicado por Mário Lobo às 21:20
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Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007
Parabéns Senhor Presidente

Já não sou, assim parece, o único a preocupar-me com o ordenamento florestal no nosso concelho. Após as posições assumidas pelo Presidente da Assembleia Municipal, que em discurso oficial comprometeu este organismo no que toca à politica florestal, eis que o Presidente da Câmara vem alertar, na Agenda (da Câmara) Municipal, para a necessidade de requerer licença para a movimentação de solos (para lavrar).

A necessidade de requerer licença é já antiga (Decreto-Lei nº 139/89) mas mais vale tarde que nunca.

Resta agora esperar o próximo número do autarquico boletim para ver quais as "questões relaccionadas com a plantação das espécies florestais" que vão ser abordadas.

 

Parabéns Sr. Presidente por tentar levar o nosso Concelho ao cumprimento da lei. Alerto-o no entanto para a possibilidade da criação de um conflito institucional entre a Câmara e a Assembleia pois assomam-se divergentes as opiniões dos presidentes destes dois órgãos.

 

 



publicado por Mário Lobo às 20:48
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Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007
É dificil chegar lá...

Tendo-se assinalado se no passado dia 3 de Dezembro (Segunda-Feira) o Dia Internacional do Cidadão com Deficiência, decidi escrever-vos estas linhas.

Em 22 de Maio de 1997 é publicado em Diário da República um Decreto-Lei, o nº 123 desse ano. O primeiro ponto do primeiro artigo desse documento dizia:
«São aprovadas as normas técnicas destinadas a permitir a acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada, nomeadamente através da supressão das barreiras urbanísticas e arquitectónicas nos edifícios públicos, equipamentos colectivos e via pública»
O Decreto-Lei nº 123/97 entrou em vigor 90 dias após a sua publicação, a 21 de Agosto. Neste documento eram definidas inúmeras normas que se dirigiam ao melhoramento das condições de acesso, desde à largura das passadeiras, à altura dos passeios, à inclinação das rampas de acesso até ao tipo de materiais a utilizar no pavimento, etc.
Com a entrada em vigor desta legislação todos os edifícios que fossem construídos ou alvo de remodelações ou obras deveriam, desde logo, cumprir as novas normas. Era ainda definido o prazo de 7 anos para implementar nos edifícios já existentes as condições de acessibilidade então definidas. Mas os 7 anos passaram e em termos de remoção de barreiras arquitectónicas pouco ou nada se fez.
Perante a inaplicabilidade da lei, o governo de José Sócrates decide avançar com novo documento legislativo. Assim, e em 20 de Abril de 2006, o Conselho de Ministros aprova aquele que será o Decreto-Lei nº 163/2006, com publicação em Diário da República a 8 de Agosto de 2006.
Esta nova legislação entra em vigor 6 meses depois revogando o estipulado anteriormente e, subitamente, todos aqueles que eram infractores, por não cumprirem as normas de acessibilidade estabelecidas, deixam de o ser. De referir que o estado era, aos olhos da anterior legislação, talvez o maior prevaricador no país. Como solução, o documento agora em vigor vem dar um prazo de adaptação dos edifícios que pode ser de 5 ou 10 anos, consoante tenha sido construído depois ou antes de 1997.
Esta bem visível impunidade leva a que o esforço do estado e do poder local, ao nível das acessibilidades, seja praticamente nulo.
Na sede de concelho assistimos, numa das raras e cegas aplicações da lei, ao rebaixamento dos passeios nos locais com passadeiras. Cega porque foram deixados no centro da vila alguns canais intransponíveis para um deficiente motor. Exemplo disso é o local onde a Avenida Dr. José Assis e Santos é interceptada pela Rua de Aveiro, local que não possui uma única passadeira nem nenhum passeio rebaixado. Tentem, em jeito de exercício, os senhores responsáveis pelo ordenamento urbano atravessar em cadeira de rodas, claro, do fundo da  “ladeira do hospital” até junto à antiga Casa Xalo.
Mas não só na ausência de condições ou equipamentos se pautam as dificuldades de um deficiente motor. Temos o caso da Caixa Geral de Depósitos e do seu pomposo elevador. Bem pensado, adequado, lindo… mas para que funcione é necessário activá-lo com uma chave que é necessário requisitar no interior.
Continuando na banca, só o Banco Internacional do Funchal é acessível a um deficiente motor. Refira-se que não por seu mérito e só graças a um pequeno passeio em torno do jardim do prédio onde este se encontra.
É neste local e no supermercado Feirão que temos as únicas caixas multibanco acessíveis. Devido ao seu acesso estar condicionado pelo horário de funcionamento do EcoMarché podemos excluir a caixa que lá se encontra. Assim somente duas caixas acessíveis num total de 7, e ainda assim com uma altura em relação ao chão que impossibilita que alguém numa cadeira de rodas possa utilizá-las.
Mas não se queda por aqui este triste rosário. Câmara Municipal, Estação dos CTT, serviço local de Segurança Social, Escolas, uma das duas farmácias da Sede de Concelho, Estação Ferroviária, Juntas de Freguesia e muitos, muitos outros. Todos edifícios sem possibilidade de acesso a deficientes motores. Juntamos ainda passeios subdimensionados, alguns devido a estacionamentos invasivos, ausência de parques de estacionamento adequados, mobiliário urbano desajustado, ausência de passadeiras…
E não só os deficientes motores encontram dificuldades. No caso dos deficientes visuais a falta de sinalética e adequação às necessidades especiais é quase total.
É por certo imenso o rol de normas a aplicar, mas desta vez tem-se 10 anos para o fazer. É de esperar que não seja necessária nova legislação com novos prazos e com tudo a começar outra vez do nada.


publicado por Mário Lobo às 16:36
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Sábado, 1 de Dezembro de 2007
Um Presidente que não Fala a Verdade

Publico também este texto, de António Vilarigues, publicado no jornal do centro.


Foi entregue pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) na Assembleia da República, no dia 5 de Novembro, uma petição contra o “Museu de Salazar” com 16 mil assinaturas. A este propósito, o Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão emitiu um comunicado que contém várias inverdades.
O autarca “lamenta que um conjunto de pessoas, sem qualquer responsabilidade e ligação a Santa Comba Dão, se manifeste contra um projecto que não conhece nem procurou conhecer (...)».
É falso e João Lourenço sabe-o bem. Convém repor a verdade. Os promotores da petição, face às notícias dadas à estampa na revista da Câmara, procuraram, por escrito, saber no concreto o que estava em causa. Apenas depois de uma análise aos documentos fornecidos pela câmara o Núcleo da URAP se pronunciou publicamente. Só uma dúvida. João Lourenço por acaso conhece todos os 16 mil subscritores para poder afirmar com tanta prosápia que são pessoas «sem qualquer responsabilidade e ligação a Santa Comba Dão»?
O autarca declara não reconhecer “qualquer legitimidade aos subscritores da petição, sejam eles cidadãos anónimos ou ilustres figuras nacionais, para impor a sua vontade aos santacombadenses”.
Não é isso que está em causa e o Presidente da Câmara sabe-o muito bem. O que está em causa é a legitimidade democrática (conquistada com o 25 de Abril de 1974 e sempre negada por Salazar) de qualquer cidadão deste país se poder pronunciar sobre qualquer assunto. Tanto mais quando, como é o caso, extravasa em muito Santa Comba Dão. O que diria o autarca se, por exemplo, os seus colegas Presidentes de Câmara afirmassem não lhe reconhecer «qualquer legitimidade» para se pronunciar sobre a localização do novo aeroporto?
O que está em causa é o facto de toda a conjuntura e o quadro de valores em que assenta o projecto, excluírem radicalmente a possibilidade de uma abordagem científica e objectiva da temática. Ou seja, sobre o regime fascista, de ditadura, opressão e colonialismo. Bem como sobre os sentimentos profundos e a longa resistência do povo português à ditadura criminosa de que Salazar foi o principal responsável e o principal criminoso.
O que está em causa é que a Constituição da República, no seu Artigo 46.2, n.2 4, proíbe as «organizações que perfilhem a ideologia fascista». E a Lei 64/78 define-as como as que «(...) mostrem (...) pretender difundir ou difundir efectivamente os valores, os princípios, os expoentes, as instituições e os métodos característicos dos regimes fascistas (...), nomeadamente (...) o corporativismo ou a exaltação das personalidades mais representativas daqueles regimes (...)».
O que está em causa é que do ponto de vista de Santa Comba Dão este projecto não teria qualquer impacto sensível no desenvolvimento do concelho. Talvez dois ou três postos de trabalho directos e é tudo. Santa Comba Dão merece seguramente melhor!
Seria bom que João Lourenço seguisse os concelhos do seu companheiro de partido, Pacheco Pereira, vertidos no passado sábado nas páginas do jornal «Público» e meditasse neles:
«Se Santa Comba Dão se pretende valorizar como terra de futuro pelo culto de Salazar, dá de si uma péssima imagem (...). Pensem nisso».


Consultar o blog contra o Museu Salazar em Santa Comba Dão aqui.





publicado por Mário Lobo às 13:29
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Museu Salazar

Segue um texto publicado no Jornal Voz do Dão pelo amigo Alberto Andrade, de Santa Comba Dão.

Não podia deixar de o transcrever, pois corresponde em pleno à minha opinião.

 

 


 

  1.  Somos confrontados há algum tempo a esta parte com uma discussão entre opiniões aparentemente imutáveis e inconciliáveis.
    Enquanto Santacombadense e Antifascista venho apresentar os motivos que me levam a afirmar-me e a lutar contra a criaão de um Museu a Salazar no meu Concelho:

    António de Oliveira Salazar é um personagem incontornável da história recente do nosso país. Deteve directamente o poder durante 38 anos e viu o seu regime prolongado por mais 6 nas mãos de Marcelo Caetano. Assim, não tenho dúvidas quanto à necessidade de se estudar quer o homem (Salazar) quer a obra (regime ditatorial, apelidado de Estado Novo). Para a realização deste estudo torna-se necessária a intervenção de especialista de uma miríade de áreas científicas, que exercerão a sua análise sobre um ainda mais vasto património. Acontece que a totalidade do espólio deste político se encontra depositado na Torre do Tombo, não me parecendo viável a sua deslocalização para o futuro museu de Santa Comba Dão. Podemos então facilmente perceber que tudo o que a Câmara Municipal possui para tão grandioso empreendimento mais não é que um lote de objectos pessoais e envelhecidos, iguais àqueles que temos nos nossos sótãos pertença dos nosso pais e avós. De cientifico; de político; de histórico nada existe na posse do Município.
  2. Temos assistido nos últimos tempos a uma escalada de tom no discurso da extrema-direita portuguesa. Associado a isto intensifica-se o coro de protestos contra o actual estado da democracia levando alguns a clamar pelo regresso de um Salazar ao poder. Este Salazar por quem o povo clama é um homem de brandos costumes mas de mão firme que saiba dar “uns safanões a tempo”. Como referiu o meu amigo Aurélio Santos: «Os safanões a tempo foram, por exemplo, as balas que mataram Dias Coelho numa rua de Lisboa. Foram as balas que mataram Humberto Delgado na fronteira portuguesa. Os safanões a tempo mataram muita gente no Tarrafal.» É deste Salazar que as pessoas se esquecem. Do torcionário que despachava semanalmente com o Director-Geral da PIDE/DGS. Do ditador que remeteu à fome e à miséria todo um povo com medo de perder o poder. Do tirano que conduziu durante 13 anos uma guerra em África contra o natural desejo de independência dos povos. É este Salazar opressor que uma franja da extrema-direita quer ver renascido. Tivemos já no passado dia 28 de Abril o exemplo daquilo que querem estes grupos de Santa Comba Dão. Um altar. Um local de peregrinação onde possa gritar o seu ódio a tudo e todos. Um local sagrado onde todas as barbaridades que professam sejam válidas e exequíveis.
  3. O actual executivo autárquico, fazendo bandeira do Museu, afirma que encontrou o caminho para fazer sair o concelho da estagnação económica em que se encontra. Com meia dúzia de postos de trabalho? Neste país que tantos anos viveu amordaçado, onde a cultura era um privilégio de algumas elites, não há ainda o hábito de frequentar museus. Basta olharmos um pouco à nossa volta para percebermos que os museus estão “às moscas”. Como pretende pois, o Sr. Presidente da Câmara, convencer-nos de que este investimento, anunciado em 5 milhões de euros, ao que teremos que juntar mensalmente todas as despesas de funcionamento sendo já certos os 2 mil euros mensais entregues a Rui Salazar de Lucena e Melo, venha potenciar o desenvolvimento do Concelho. A construção de tal museu servirá somente para servir o orgulho do actual executivo. Um executivo que face a esta situação bebe inspiração política no ditador do Vimieiro: “Quero, posso e mando!”. Os únicos no concelho a ver a sua situação financeira melhorada serão aqueles que lá venham a ter emprego, o que muito certamente será feito à semelhança do que é relatado por uma jovem conterrânea nossa numa entrevista ao jornal Público no passado dia 22 de Agosto.
    Assim, como Santacombadense e como Antifascista e sem querer entrar em situação de análise política, são estes alguns dos motivos para não querer ver este projecto concretizado.



publicado por Mário Lobo às 13:20
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