Comemoramos este ano o 35° aniversário do 25 de Abril. Quando em 1974 um punhado de capitães tomou em mãos os destinos do país tinha em mente acabar definitivamente com um regime ditatorial fascista que governou o nosso país durante 48 anos. Um regime que com mão de ferro oprimiu todo um povo. Que lhe retirou o direito de falar e de agir de acordo com a sua ideia. Uma ditadura que instalou uma burguesia dominante que em comandita se movimentava acima das leis, explorando e oprimindo os trabalhadores com única intenção de ver aumentar cada vez mais os seus lucros e poder sobre toda uma população.
Com Abril abriram-se portas que nos deveriam levar a uma outra sociedade mais equalitária, mais solidária e progressista, com o aumento dos direitos dos trabalhadores e das populações no geral. Com Abril chegou também, como recordou e bem o Presidente da Câmara no editorial da última edição da Agenda da Câmara Municipal, o Poder Local Democrático.
A instauração do Poder Local Democrático é um passo da maior importância no caminho da tomada de poder pelo povo. Uma tão grande próximidade do poder deveria ser utilizada no sentido duma maior participação popular no processo de decisão. Esta proximidade levaria a um melhor das condições de vida e de acesso aos serviços de todos os cidadãos.
No entanto, e 35 anos depois do início da Revolução de Abril, a maioria da população encontra o acesso aos seus governantes locais e ao processo de decisão tão ou mais dificultado que no tempo do fascismo.
Uma prática governativa que olha para o nosso concelho como se de um feudo se tratasse é a mais clara evidência de que o Poder Autárquico está cada vez mais distante da população que o sustenta. Circulos priveligiados onde a informação circula e é dissecada antes de se tornar do conhecimento público; são os concursos feitos por medida que permitem a criação de emprego para os boys, um clientelismo que leva à promoção e manutenção dum séquito servil que mais não vê que o poder e à ostracização das vozes mais activas das oposição.
No nosso concelho o povo não é “tido nem achado” para nada. As decisões são conhecidas já prontas a executar, ou já em processo de execução. Cada uma delas anunciada como a grandiosa solução que vai retirar Mortágua do marasmo e inércia social e económica em que se encontra. Apresentadas em embalgem vistosa e prontas a usar. A nossa autarquia segue uma postura de sigilo digna duma sociedade secreta. Essa postura está bem patente na relutância em divulgar tudo quanto é documento administrativo. Se alguma coisa há publicada é a muito custo e sempre após várias queixas às entidades da tutela. De referir que está atitude é transversal à Câmara e à Assembleia Municipal.
Com o Poder Local Democrático seria de esperar uma maior influência dos munícipes na gestão do património do concelho, dos seus recursos e seus serviços. Mas ao invés disso assistimos a uma total alienação dos serviços mais básicos que deveriam ser prestados pela Câmara Municipal. A entrega a empresas privadas, que visam o lucro, e consequente mercantilização de serviços como a distribuição de água e a recolha de lixos tem levado a resultados bem visiveis e em nada favoraveis às populações. Anuncia-se agora a criação de um serviço privado de transportes, do qual só se poderá esperar o descurar das populações em benificio do lucro de alguma empresa. Por outro lado o arrebanhamento de instituições criadoras de emprego sob a égide da autarquia visa controlar uma parte significativa do mercado de trabalho qualificado e assim criar uma política de emprego ao serviço da perpetuação no poder daqueles que lá se encontram.
Nesta ânsia de tudo controlar pudemos assistir ao quase aniquilamento do movimento associativo popular genuíno, instaurando gradualmente uma rede de ingerências efectivada por uma milícia voluntarista que se extendeu à maioria das asociações locais com os resultados que estão à vista. Basta seguir com alguma atenção o éditos referentes à vida interna de algumas associações publicados neste jornal.
Mas duma Câmara que nem Abril se digna a celebrar nada disto é de estranhar. Apesar de já em Assembleia Municipal ter acusa uns de se interessarem mais “num outro 25” e outros de fazerem refém Abril, a verdade é que ao presidente da Câmara o 25 de Abril nada interessa. Uma data nunca se pode fazer refém. Muito menos uma data como é o 25 de Abril de 1974. Essa data, que ficará para sempre n História do nosso país, pertence ao Povo. Ninguem roubou Abril, foi o actual executivo que não o quis. E não o quis quando optou por não o celebrar, não o quis quando optou por dar destaque preferencial ao Primeiro-Ministro do seu partido em deterimento de Abril.
Quanto ao “outro 25” será talvez por vergonha que ainda não se associaram a ele, pois como foi descrito em tudo se assemelham as práticas da actual Câmara com as daqueles que quiseram matar a Revolução.
Mas as Revoluções não se matam. Crescem dentro de nós, de dia para dia. É natural à condição de cada homem querer deixar de ser minorizado. Enquanto houver alguém que resista Abril não morreu.
Porque Resistir já é Vencer,
25 de Abril, Sempre!
A 3 de Março de 2006 o sítio internet da Câmara municipal de Mortágua anunciava a criação de uma nova Área Industrial no concelho. Referia no entanto que: «Quanto à localização (…) o Município aguarda que seja definido o traçado do novo IP3, já que se pretende seja instalada na proximidade desse eixo rodoviário.»
No dia 29 de Março de 2008, o Primeiro-ministro José Sócrates deslocou-se a Mortágua para anunciar a construção da nova auto-estrada Coimbra-Viseu. Sendo já nessa altura conhecido o traçado definitivo.
Estamos já em Abril de 2009, portanto 1 ano volvido sobre o conhecimento público do traçado da nova A24, e da nova Área Industrial nada se sabe.
No actual momento todas as medidas são poucas para tentar encontrar uma forma de diminuir o impacto da crise que se sente. Assim, e não estando o mercado a pulular de novas empresas, há ainda sectores que se encontram em expansão, bem como novas oportunidades de negócio. A criação de uma nova Área Industrial cria sempre a possibilidade de instalação de novas empresas, ainda para mais nas imediações duma via de comunicação tão importante como a A24.
Não se espera que apareça no concelho uma empresa milagreira que nos salve a todos da crise. Disso tivemos já a nossa dose, por exemplo com uma empresa maravilhosa com tecnologias e know-how nórdicos, que ao fim de 7 anos fechou as portas. Mas devagar se vai ao longe. Atrás duma virão outras. E um bom chamariz para empresas é uma nova Área Industrial ou, na falta desta, a definição da sua localização e prazos de instalação.
Certos que já há 1 ano que sabemos qual o traçado da no auto-estrada, não se entende assim qual o atraso na definição da localização da prometida Área Industrial.
Ou o actual executivo desistiu da criação desta nova Área Industrial e não disse a ninguém, ou então pretende guardar este anúncio para mais perto das eleições fazendo assim a economia do concelho refém da agenda política do partido que detém o poder autárquico há já duas décadas. A verificar-se a segunda hipótese o actual executivo tem por único interesse a perpetuação do poder em total detrimento do desenvolvimento concelhio.
A criação de novas unidades empresariais em Mortágua é uma necessidade urgente para a fixação dos jovens. Com cerca de metade da população activa a trabalhar no subsector da exploração florestal a oferta de empregos que vão ao encontro das expectativas dos jovens mortaguenses é quase nula. Um mercado laboral com baixo grau de especialização não pode de forma alguma entusiasmar os jovens deste que querem construir e organizar a sua vida com qualidade. A chegada de novas empresas viria suprir esta lacuna concelhia provocada por uma economia mono-sectorial totalmente apoiada na produção de eucalipto.
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