Aleluias se têm dado ao eucalipto como grande salvador económico do Concelho, e mais recentemente do País. E muito orgulho devemos nós, mortaguenses, ter em tanto contribuir para o reequilíbrio da balança de transacções, com a quantidade de madeira que mandamos daqui para fora.
Mas em vez de grande vantagem económica, quando penso neste sector económico o que vem à memória é a exploração que os países do hemisfério norte levam a cabo em África e na América Latina. O que assistimos é a uma população a penhorar completamente todo o ecossistema em busca de um Eldorado que nunca existiu.
Senão, comecemos a enumerar as consequências desta exploração desenfreada:
1. O «desnutrir» completo dos solos com uma produção intensiva e de ciclo rápido, agora agravado com a obrigação de remover dos terrenos toda a biomassa que de outra forma se converteria em húmus (isto é Ciências da Natureza do 6º Ano);
2. O envenenamento que se verifica das linhas de água e do extracto aquífero com a utilização abusiva, desregrada e desadequada de adubos. Esta consequência pode ser visível na diminuição da vida nos nossos ribeiros e regatos e no cada vez maior número de nascentes impróprias para consumo;
3. O destruir constante da rede de caminhos, laboriosamente mantidos num mínimo de condições pelos serviços autárquicos e usados para beneficio de alguns madeireiros sem que um tostão dispendam para que neles possam circular com máquinas florestais pesadas. A isto podemos somar a destruição constante e acelerada dos mais de 400Km de estradas municipais alcatroadas pelo peso das já referidas máquinas;
4. O atulhar dos riachos com restos resultantes da acção do exploração florestal contribuindo ainda mais para a total destruição da fauna aquífera do nosso Concelho;
5. E por fim o mais interessante. Verificar que há no organismo oficial de emprego português (IEFP) ofertas de trabalho para 56 horas semanais com uma remuneração de 500€ mensais. Ao consultarmos o contracto colectivo de trabalho para os trabalhadores florestais verificamos que nestas condições um trabalhador deveria auferir cerca de 1100 euros mensais. É dois pelo preço de um, melhor que no Continente.
Assim, e se a lei fosse cumprida, com a realização de estudos de impacto ambiental (como já referi antes) e com o cumprimento dos convenções laborais existentes, não acredito que este negócio fosse a grande salvação de Mortágua.
Assim vai sendo a salvação de meia dúzia de grandes proprietários e outros tantos patrões que mais não fazem que sugar os recursos naturais e explorar os trabalhadores.
Anti-Fascismo
Lutas
Blogs Camaradas
PCP