Deixem-me, antes de mais, dizer que é com grande prazer que vejo o Carnaval regressar às ruas de Mortágua. Não porque seja particular adepto das folias carnavalescas, que não sou, mas porque é sempre bom ver as colectividades locais juntas, em festa.
O regresso dos foliões, ainda que de forma tímida face aos festejos idos, efectua-se após 6 anos de interregno.
Corria o final do ano de 2002 quando foi anunciada pelo vereador à altura com responsabilidades na cultura que seriam a partir de então as colectividade a organizar os festejos carnavalescos. Assim… sem mais nem menos. Festejos esses que começaram a ser de facto de organização popular, através das inúmeras colectividade que há no concelho.
Acontece que após esse início conduzido pela mão do povo a autarquia foi-se gradualmente apropriando da organização destes festejos que marcam o principiar da Quaresma, desprovendo assim, ao longo de alguns anos, as Associações de capacidade organizativa conjunta.
Para colmatar essa mudança de organizadores foram distribuídos cheques como prémio de participação, cabendo tão só às Associações perfilarem-se na “rua da GNR” no Domingo Gordo e aguardas o sinal de partida.
Em 2003, primeiro ano destes 6 sem carnavais, recordo-me de Associações que tinham já os seus carros prontos, a custo de muitas horas dispensadas, sempre depois de saírem dos seus empregos, pelo povo do nosso Concelho. Aconteceu que a pequena comissão ad hoc apadrinhada pela Câmara para a organização dos festejos não saiu da intenção.
Tive hipótese já de expressar o que entendo do movimento associativo. Fica aqui, talvez fora de tempo, uma pequena reflexão: enquanto, aquando da realização dos serões de aldeia, se andou a passear os dirigentes associativos pelo país fora dever-se-ia ter-lhes dado formação adequada para que um dia possa tomar em mãos o movimento associativo do concelho sem terem que chorar constantemente o apoio financeiro da autarquia. Algumas das associações do nosso concelho, principalmente as mais temáticas e com sede na vila, tem toda a obrigação de se tornarem auto-suficientes financeiramente. Com a liberdade financeira surgem todas as outras.
Por último, e como é Carnaval e nada parece mal, é curioso que as actividades carnavalescas ressurjam pela mão da autarquia em ano eleitoral. Julgo estarem assim esclarecidas as dúvidas do amigo articulista Pais Teixeira quanto às motivações das despesas previstas para este ano.
ver aqui post anterior sobre este mesmo assunto
Foi por tempos da segunda organização da Festa da Juventude em que participei, não posso precisar a altura. Mas quase de certeza Novembro de 2002.
Como tal não sei se esta pequena conversa que vou transcrever se referia a 2003 ou a 2004 (certamente 2003, devido à data da conversa), mas de qualquer maneira foi assim:
Eu - Acho que as associações deviam ser mais autónomas. Deviam ser incentivadas a organizar eventos como a Feira das Associações por elas próprias.
Vereador - Mas isso já está a ser pensado. Olha, por exemplo, para o ano o Carnaval é organizado pelas associações.
E - Assim sem mais nem menos? Sem processo gradual [de emancipação]? Vai dar asneira.
V - Lá estás tu com as tuas coisas.
E - Se assim fôr não há carnaval em Mortágua durante pelo menos 5 anos.
Das coisas que menos prazer me dá, neste campo, dizer é "Eu avisei-vos!"
Não sei 2008 (devido a não conseguir de facto localizar melhor a conversa no tempo) será o 5º ou o 6º ano consecutivo sem Corso Carnavalesco. em Mortágua. Quase por certo o 6º, portanto, aí vai:
Eu avisei-vos!
Este é um exemplo de como esta autarquia matou a dinâmica associativa no concelho de Mortágua. O Corso Carnavalesco Mortaguense, que tudo deve a pessoas como o querido, infelizmente já ido, Paulo Carvalho e a outros "carolas" foi absorvido pela Câmara que chamou a si a sua organização.
Habituou as associações a terem toda a organização servida em pratos de porcelana e talheres de prata.
Depois, com um rude golpe, "devolve" a organização às totalmente impreparadas associações.
Quando as associções sabiam pescar, a câmara ludibriou-as oferecendo faustosos banquetes de peixe. De barriga cheia, estas deixaram de pescar. Agora nem peixe nem cana.
Ficam as recordações desses tempos, nestas fotografias que se seguem.
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